em cruz alta

Conheça a médica infectologista que virou prefeita na pandemia

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: divulgação

Uma das especialidades que mais ficou em evidência dentro da Medicina, ao longo de 2020, foi a infectologia. O surgimento da pandemia do novo coronavírus e a urgência por respostas colocaram esse tipo de profissional no ranking daqueles que poderiam jogar luz a um tema que, até então, era novo e trazia consigo um rastro de dúvidas e de mortes.

No pleito de 2020, em Cruz Alta, a vencedora da disputa à prefeitura foi Paula Rubin Facco Librelotto (MDB), 35 anos. Formada em medicina pela UFSM, ela atuou no combate à Covid-9, nos dois hospitais do município, o São Vicente de Paulo e o Regional Santa Lúcia. Inclusive, em 2020, ela foi a única infectologista em Cruz Alta, responsável por atender toda a demanda da área.

Ela foi responsável por identificar o que era necessário para estruturar os hospitais, elaborar protocolos, treinar equipes, além de atender os infectados pela doença e confortar as famílias diante das perdas.

Depois que assumiu a prefeitura, uma das primeiras medidas foi determinar a volta do turno integral em todos os setores da prefeitura. Segundo ela, essa atitude foi tomada porque todos os setores do serviço público são considerados essenciais e, também, havia muitos funcionários em férias.  

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TRAJETÓRIA

Depois de um mandato como vereadora de 2017 a 2020, a política resolveu se candidatar à prefeitura, justamente por que, na profissão, conseguia ver as necessidades mais urgentes da população. Ela se elegeu com 18,2 mil votos, batendo o então prefeito Vilson Roberto (PT) com larga vantagem. Casada com o advogado e ex-presidente da Câmara de Vereadores de Cruz Alta, Rafael Braga Librelotto, 40 anos, Paula é mestre em Ciências da Saúde, especialista em Controle de Infecção Hospitalar e tem MBA em Administração e Gestão Pública.

Atualmente, ela atende apenas no consultório particular, quando sobra tempo, já que a rotina como prefeita preenche toda a carga horária disponível. Um novo médico infectologista foi chamado para trabalhar no município.

A prefeita também é mãe e concilia as tarefas profissionais e politicas com os cuidados com Valentino, 3 anos, e Vittório, 1.

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CONHEÇA MAIS SOBRE PAULA LIBRELOTTO NA ENTREVISTA ABAIXO

Diário - Em meio à pandemia, quais foram os momentos mais marcantes na linha de frente de atuação?

Paula Librelotto - Os primeiros pacientes foram os mais difíceis, por se tratar de uma doença até então desconhecida. Ao passar dos dias e com o apoio de toda a equipe, conseguimos lidar melhor com nossas emoções. As altas dos pacientes sempre foram marcantes. Vê-los voltando para suas casas, famílias e histórias é gratificante.

Diário - Quais foram os momentos mais difíceis que você enfrentou trabalhando no hospital?

Paula - Os dias que perdíamos alguns pacientes, sem dúvidas. Não há como não ficar triste, toda a equipe fica abalada.

Diário - Porque você decidiu entrar na política?

Paula - Minha família tem uma história de liderança na comunidade. Meus pais sempre se envolveram diretamente com a política e a minha profissão me levou a ver muitas realidades e querer transformá-las. Meu marido, Rafael Braga Librelotto, ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Cruz Alta, também é uma inspiração de liderança política. Acredito que é através da política, da boa política, que podemos fazer as transformações sociais. É através da política que podemos melhorar a vida da comunidade. Então, o motivo principal de ter entrado é justamente para poder transformar para melhor a vida da nossa cidade e das pessoas. Sempre me envolvi nos movimentos religiosos, na liderança de grêmio estudantil, diretório acadêmico. Eu sempre assumi esse papel de liderança. Em 2016, me candidatei pela primeira vez. Fui eleita a vereadora mais votada. Em 2018, fui a presidente da Câmara. A segunda mulher a ocupar o cargo na história de Cruz Alta. Agora, em 2020, concorri à prefeitura e sou a primeira prefeita de Cruz Alta. Não é uma trajetória política de cargos, mas eu sempre estive envolvida desde pequena acompanhando a vida dos meus pais e, depois, do meu marido Rafael.

Diário - Por que você escolheu o MDB como partido?

Paula - Por acreditar que a política é feita com diálogo, que é necessário ouvir todos os lados. Acredito que, com equilíbrio, podemos representar toda a sociedade. Além de ser o partido da minha família, onde cresci e, depois, casei com o Rafael que também é MDB.

Diário - De onde veio a vontade para deixar o Legislativo e ir para o Executivo?

Paula - Desde criança, vi meus pais se dedicarem à política e a transformação, para melhorar a vida das pessoas. Fui líder na igreja, na escola, na universidade. Fui vereadora, presidente da Câmara. Chegou um momento que muitas pessoas começaram a solicitar que eu fosse candidata. Eu tenho uma missão que é cuidar das pessoas. Pensei que ficaria apenas na profissão de médica, mas não. Tive muito incentivo do partido, da família, dos amigos, dos colegas de profissão, mas, principalmente, dos eleitores que se identificaram com o modo de como eu trabalho e resolvo as situações. Esse incentivo se comprovou nas urnas, onde, mesmo com cinco candidatos concorrendo à prefeitura, tivemos uma grande diferença de votos. Mais de 8 mil votos na frente do segundo colocado.

Diário - Com a experiência que tem como infectologista, como você acredita que pode contribuir para Cruz Alta?

Paula - Estamos em um momento que é preciso tomar decisões. Como médica, todos os dias converso com meus pacientes, examino-os, faço diagnóstico para poder tratá-los. A cidade precisa disso, precisamos reconhecer os problemas e tomar a decisões certas. Posso contribuir cuidando das pessoas e cuidando da cidade.

Diário - O que falta para Cruz Alta preparar a sua estrutura para vacinação?

Paula - Nós já estamos nos preparando. Determinei a aquisição de materiais como freezers, caixas de transporte para armazenamento, seringas e outros materiais necessários. Para a aplicação das vacinas, contamos com profissionais (vacinadores) nas Estratégias da Família. Se houver necessidade, contrataremos mais. Estamos trabalhando para que, quando liberadas as vacinas, Cruz Alta esteja apta para atender a população. Também estamos nos empenhando para a realização de uma campanha de conscientização da importância da vacina, da imunização.

Diário - Por que você decidiu acabar com o escalonamento de funcionários da prefeitura, que ocorria até então?

Paula - Entendemos que todos os serviços públicos são essenciais. Além disso, há muitos funcionários em férias. Estamos organizando as estruturas físicas para garantir segurança ao nosso funcionalismo.

Diário - Em caso de agravamento da pandemia ao longo do mês de janeiro ou fevereiro, você pensa que fechar as atividades não essenciais e restringir o horário do comércio é uma decisão a ser tomada?

Diário - Não pretendo. Precisamos reforçar as orientações, estar com a saúde organizada para não prejudicar os demais serviços.

*Colaborou Rafael Favero

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